Este texto é uma nota prévia à tertúlia que se realizará no dia 15 de novembro de 2025, na Associação de Inquilinos e Condóminos do Norte de Portugal (+info).
Aprendendo-nos
Conheço o Rafael Corte Real há mais de 15 anos, fomos colegas de curso, disputamos em listas distintas a Associação de Estudantes da Faculdade de Direito e até estivemos bloqueados mutuamente do facebook durante alguns anos. Não que não o achasse capaz, inteligente e acutilante sempre o foi, no seu estilo provocatório, mas tínhamos posições e formas de estar quase que inconciliáveis. Ainda assim acompanhei à distância o seu percurso político, há uns anos voltamos a encontrar-nos e já tivemos umas boas horas acumuladas a falarmos sobre nós e sobre as coisas em geral, para lá do companheirismo quotidiano que se foi sedimentando. Por esse motivo achamos pertinente que pudéssemos bater umas bolas num evento público e participado.
Afinamos o tema para “Estados, Nações e Migrações”, três conceitos com uma carga grande, sem um grande enviesamento à partida.
Estados porque poderá me permitir desenvolver alguns tópicos sobre como as fronteiras territoriais não são um produto orgânico - elas são impostas de forma multidisciplinar, interseccional e permanente - todos os dias. Permitirá, possivelmente, falar sobre quais as técnicas e qual o tecido subterrâneo que se cria para a sua percepção.
Nações porque dentro delas encontramos fronteiras: com o nosso meio e recursos, fauna e flora, acessos e, claro, na relação com outras pessoas - também elas parecem ser impostas. Que duvido de uma única identidade nacional.
E migrações, a meu ver, porque elas existem, ainda antes daquilo que temos como homo sapiens, digamos com bastante ancestralidade. Ou seja, antes ainda da própria origem do Estado, digamos assim.
Penso que esta conversa nos permitirá aprender mais uns sobre os outros, e sobre muitas outras coisas. Nas conversas que tenho com imensas pessoas, há um impulso em mim muito maior de entendimento sobre o outro e sobre o que está a ser dito do que afirmar oposições.
Não antevejo uma conversa fácil. As ideias que eu e o Rafael transmitimos parecem vir de lugares remotos entre si. Identificando-me como pacifista e profundamente revolucionário, só me resta a conversa e ação pacífica, para que possamos viver - todos os que cá estão, e os que ainda estão por vir a este mundo - em paz e com dignidade absoluta, coisa que é cada vez mais rara hoje em dia. Por isso David Ramos uma pessoa da cultura parece poder bem assumir as rédeas deste debate.
Se estiveres no Porto no dia 15 de novembro anda também bater umas bolas connosco.
28-10-2025
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